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IGREJA CATÓLICA LIBERAL

PROVINCIAS ECLESIÁSTICAS DA ARGENTINA E DO BRASIL

CARTA PASTORAL

NATAL 2008

+miguel batet

 

Tradução: Rev. Pe. Osmar de Carvalho
Nihil obstat quominus imprimatur: Mons. +Marcelo Rezende
 
Reverendíssimos Bispos Auxiliares, Reverendos Padres, Irmãos e Irmãs em Cristo:

Ainda com a emoção profunda dos momentos vividos na cidade de São Paulo, quando junto com Monsenhor +Arnoldo Salzmann, e um grupo de clérigos da Província Argentina, viajamos a dita cidade, por mandato do Bispo Presidente, Monsenhor +Graham Wale, para consagrar como Bispos Auxiliares aos Monsenhores +Ricardo Lindemann e +Marcelo Rezende.

Descrever os momentos vividos, do momento de nossa chegada até a despedida, é pouco o agradecimento aos nossos irmãos clérigos brasileiros, aos novos bispos auxiliares, aos Reverendos Padres, Seminaristas e Irmãs Diaconisas, que vindo desde remotas cidades do Brasil tiveram o privilégio de participar, não só na magna cerimônia de Consagração, como em todos os serviços religiosos. Viveram-se momentos de intensa espiritualidade, e ainda estão gravadas em minhas retinas, o pranto incontrolável de um clérigo da Argentina, na tarde que o Muito Rev. Pe. Jorge Pérez oficiou A Bênção com o Santíssimo Sacramento e a emoção intensa de Monsenhor +Rezende ao terminar sua primeira Missa episcopal. Isto também é Natal.

Por que o Espírito Natalino, em cada instante de nossa vida, é como viver uma Unidade sem precedentes, de instante em instante.

Para muitas pessoas estar sozinhas nestas festas é um terrível drama, um fato traumático, um fato que os leva a pensar em companhia, em festa, em banquetes, em abundância de comilanças, de bebidas e de esbanjamento.

Pergunto-me, desta maneira celebramos o advento ao mundo de um dos Maiores Salvadores da Humanidade?

E o que estamos fazendo com a Vida Divina dos outros reinos nestes dias?

Em qualquer parte, enormes quantidades de inocentes criaturas são sacrificadas para celebrar o advento ao Mundo do Senhor de Amor e da Compaixão.

Para mim o espírito prático de Natal é a relação profunda e sincera com a Natureza que nos rodeia. A Natureza é um Todo vivente, formada por milhões de células que também vivem, movem-se e têm o ser que a mesma Vida de Deus lhes outorgou, e o homem é um aspecto de relação de uma larga cadeia de existências, separadas por formas diferentes que vai da mesma pedra aos mesmos deuses que vêm como diz o Texto bíblico da grande tribulação humana.

Mas, como estamos vivendo a profunda relação que dizemos existir em qualquer parte ao nosso redor? O que é nos relacionar? É ela somente encontrar-nos a nível humano? Existe um tipo de relação mais profunda, a qual não estamos prestando atenção, ou possivelmente estando não sabemos observar a nosso redor o contexto natural que a vida nos está apresentando?

O espírito natalino não é uma utopia, é uma realidade espiritual que ano pós ano se derrama sobre o mundo.

Contribuamos com esse espírito, com nossos pensamentos e sentimentos fraternos. Se pudermos fazer algo como organização, como Paróquia ou grupos em bem da necessidade imperiosa, façamo-lo, o espírito solidário nestes momentos deve fazer-se sentir. É hora de deixar de pensar em nós e pensar mais nos que menos têm.

Mas também contribuamos com nossos pensamentos e orações tanto pessoais como coletivamente, nos serviços da Igreja, para que esta onda irracional de atrocidade e atropelo à dignidade da pessoa em todos os âmbitos, seja econômico, religioso, político ou humano se remate no bem de um mundo mais justo, onde o direito humano seja o motivador na vida e que nos capacite para transmitir dito direito à vida e sua expressão à outros âmbitos de manifestação da Vida.

Contribuamos com nossas idéias de fraternidade e reconhecimento da vida em qualquer parte com quantas pessoas nos envolvamos.

Os meios de expressão e opinião devem atuar dentro de um marco de grande liberdade de expressão, mas nós devemos responsavelmente controlar nossas mentes e opiniões, já que se cremos que com o pensamento podemos abençoar ou amaldiçoar, quer dizer gerar formas construtivas ou destrutivas, devemos observar e controlar nossos pensamentos.

Natal é o símbolo da Paz e da Fraternidade por excelência, mas sem que nada fique excluído. Perguntamo-nos hoje mais do que nunca, nesta parte do mundo, que é a América do Sul, qual é a prioridade da assistência à vida. Devemos deixar de lado nossos ensinamentos, tão profundos, tão abrangentes, tão explicativos do mistério da Vida, o significado profundo e real dos  sacramentos, etc.?

Viver em concordância com ideais é levá-los a profunda realidade do viver diário.

O que é ser solidários com a vida que nos rodeia? Qual é essa Vida?

Solidariedade é ajudar ao necessitado, e deste ponto de vista, é muito difícil, fixar as prioridades de qual é a mais profunda e real necessidade.

Acredito que os católicos liberais têm um grande desafio ante nosso futuro, devemos levar a cabo essa solidariedade de real necessidade imediata a todo aquele que a necessite, mas sem deixar de lado, nossos profundos ideais de respeito pela vida e todas suas manifestações. Que cada Paróquia, Centro, Missão ou Grupo de fiéis, associados ou individualmente se unam para realizar ações de solidariedade sem limite nem exclusões. É verdadeiramente um desafio, que até agora, nunca havemos, como instituição, realizado. Vemos em qualquer parte, como a necessidade aguça o engenho do homem e se transforma em ações de socorro pelos mais necessitados. Homens e mulheres subtraem tempo a seu descanso, dinheiro a seus magros ganhos e adicionam horas de trabalho a sua jornada, para atender refeitórios, asilos, refúgios e lugares de necessitados em toda parte. Quanto nós poderíamos fazer como Igreja, se nos organizássemos e cada lugar de culto, se convertesse também em um lugar de socorro do mais necessitado!

Hoje mas que nunca devemos recordar as palavras do Evangelho,
...“tive sede, fome, nu e no cárcere, doente, e vieram para mim” ... “pois se o fizeram, por um destes meus pequeninos, a mim me fizeste”... .

Faço um profundo chamado a toda a Igreja Católica Liberal da Argentina, Brasil e Espanha, para que realmente façamos o esforço de manifestar uma irmandade mais profunda em solidariedade, sem deixar de difundir nossa doutrina e profunda filosofia.

Diz esse importantíssimo pequeno grande livro espiritual, que é “Aos pés do Mestre” de J. Krishnamurti, em uma parte dele:

....“Aprendam a reconhecer a Deus em todos os Seres e em todas as coisas, prescindindo do mal que possam apresentar em sua aparência exterior. Podes ajudar a seus irmãos por meio do que têm de comum com eles, isto é, a Vida Divina”.

Queria refletir com todos vocês no Espírito natalino, que acredito não ser reunir-se para celebrar uma festa popular com comilanças, excessos, ruídos ensurdecedores que torturam aos doentes e animais cruelmente, esbanjamento e toda classe de excentricidades supérfluas que nos afastam decididamente do verdadeiro espírito natalino. Milhares de inocentes animais são cruelmente sacrificados para ironicamente comemorar o nascimento do Príncipe da Paz, o Senhor de Ternura e Compaixão.

Seja qual for nossa postura de opinião e crença a respeito do Natal, quer comemoremos historicamente o nascimento do Jesus, quer o façamos vendo um simbolismo sagrado associado ao sacro do Natal, seja que rememoremos uma das Festividades Religiosas mais importantes para o homem da cristandade; o Natal excede, contém e vai mais além de todos estes aspectos. Mas há um que é de vital importância para nós, por sua natureza prática e profunda. COMO NOS RELACIONAMOS COM O EM TORNO.

A relação profunda com a Vida que nos rodeia, leva em si mesma implícita como um aspecto profundo de religiosidade, esse verdadeiro espírito natalino que nunca deveria deixar de existir na celebração de uma festividade profundamente religiosa e que não devia deixar de festejar-se desta maneira.

A verdadeira religiosidade não passa somente pela prática consuetudinária e externa de uma religião, há aspectos nela de profundas verdades que têm que ver com a relação profunda do homem e seu entorno.

Desta relação intensa, amorosa, compassiva e tenra, nasce essa união necessária a toda verdadeira religiosidade, a União Intensa com a Vida.

Podemos nos sentir profundamente unidos à Vida que nos rodeia sem compaixão? Compaixão não é sentir pena por alguém ou algo, é ser essa mesma porção separada da Existência e sentir tal qual ela sente em toda sua dimensão, dos aspectos mais transcendentes aos mais simples da vida.

A própria Terra que nos cobre como uma Mãe, é amplamente agredida por seus filhos de uma ou outra forma, quão importante seria em um sentido real do Natal assumir uma firme mudança de atitude para com a Terra!

QUE CRISTO REINE EM NOSSOS CORAÇÕES

Tem se dito em muitas oportunidades, em distintos âmbitos místicos e religiosos, que Cristo deve nascer em nossos corações, para que nasça mil vezes mais em Presépio.

O que significa que o Senhor mora no mais recôndito de nosso coração? Em que profundidade de nosso Ser, Ele se encontra?

O nascimento do espírito crístico em nós, hoje um tema tão batido e mal compreendido, é ter uma profunda sensação de plenitude da Vida, sentir a Vida como uma enorme maré de Existência, na qual, nós, somos apenas uma gota em tão imenso oceano, e a mesmo tempo o próprio oceano. NATAL É ESSE OCEANO DE VIDA. Esse oceano de Vida é a própria Natureza, e então, bem que poderíamos nos questionar, Como me relaciono com a Natureza?

Para mim o espírito prático de Natal é a relação profunda e sincera com a Natureza que nos rodeia. A Natureza é um Todo vivente, formada por milhões de células que também vivem, movem-se e têm o ser que a mesma Vida de Deus lhes outorgou, e o homem é um aspecto de relação de uma larga cadeia de existências, separadas por formas diferentes que vai da mesma pedra aos mesmos deuses que vêm como diz o Texto bíblico da grande tribulação humana.

Bem poderíamos, possivelmente, compartilhar a idéia, de que Cristo é Vida em nós e em tudo. Se Cristo vive em tudo e em nós, nada nem ninguém pode ficar excluído desta magnificência de ver o Senhor manifestado em tudo que existe, seja uma planta, um animal, um mineral bruto, um homem, um santo, um anjo, o planeta, nosso Sistema Solar e tudo que nossa mente possa abarcar. Que a Vida de Cristo reine em qualquer parte! Precisamente, este é um dos mais incríveis aspectos profundos do Natal. A Luz que ilumina as trevas, a Luz que ilumina a cada homem que vem ao mundo, a luz que sempre esteve desde o começo e perdurará por sempre em Si Mesma. Que iluminação profunda de nosso Ser, é ver Cristo como a Vida em qualquer parte! O verdadeiro Natal Cósmico, Solar e Humano.

Recordemos que cada Grande Festival religioso, seja da Religião  que seja, tem distintos aspectos a ser considerados, o  Natal é  um destes Grandes Festivais e deve ser considerada como uma Grande Festa Cósmica, Solar e Humana.

Com quanto amor os Grandes Santos e Benfeitores da Humanidade, nos dão permanentemente seu impulso evolutivo, sua alegria de Vida e sua serena sabedoria para empregarmos em cada circunstância de nossa atual existência e às futuras.

Estimados Muito Reverendos Irmãos Bispos, Padres, irmãos e irmãs, envio a todos minhas mais fraternais saudações de Natal e Próspero Ano Novo, Recebam a Bênção do Senhor e que Ele esteja com vosso Espírito.

Natal do Ano do Senhor de 2008.

ass-miguel 

MIGUEL ANGEL BATET

 -  BISPO REGIONÁRIO DA PROVÍNCIA ARGENTINA

- BISPO COMISSÁRIO DA PROVÍNCIA DO BRASIL



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