Aos membros do clero,
e aos queridos Irmãos de nossa Província:
Que a Paz de Nosso Senhor O Cristo seja convosco.
Mesmo em meio aos perigos que atravessamos neste momento de pandemia, Cristo quer ressuscitar, conforme ele nos disse no evangelho segundo São Marcos, capítulo 12 versículo 17: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, então apesar do isolamento social, que aparentemente nos priva de estarmos todos fisicamente juntos e em comunhão, sejamos um só corpo em comunhão espiritual. Cristo quer ressuscitar.
Na leitura da epístola de hoje, extraída do décimo quinto capítulo da primeira epístola de São Paulo, o Apóstolo, aos Coríntios, principiando no décimo segundo versículo, lemos num dado momento que “Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.”, então respeitemos as indicações de nossos médicos e cientistas, cuidemos da nossa saúde física, do nosso corpo natural, fiquemos em casa; mas, ao mesmo tempo, não nos esqueçamos que nosso objetivo é ressuscitarmos em corpo espiritual. E para esse propósito podemos começar pelo que o nosso Senhor, Jesus Cristo, nos ensinou em seu primeiro mandamento: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento”. (Mateus 22:37). É esse amor pelo Altíssimo quem nos guiará em direção ao espírito, que é sua imagem e semelhança depositada em nós. Cristo quer ressuscitar.
Cristo quer ressuscitar, ou, Cristo ressuscitou? Afinal, é Páscoa!
Qual é o nosso papel nesse drama Pascal?
Um dos nossos Bispos Fundadores, o Reverendíssimo Monsenhor Charles Webster Leadbeater, em um texto sobre a Páscoa, extraído de seu livro “O Lado Oculto dos Festivais Cristãos” nos diz que:
“Cada um de nós, por sua vez, deverá sofrer a dor simbolizada pela Cruz; cada um de nós deverá aprender a se doar-se inteiramente para o benefício dos outros, mas ambém para cada um de nós há a glória da Páscoa, a Ressurreição, a vitória, o triunfo sobre a matéria”.
“Esta é uma verdade eterna e gloriosa. A vitória que o homem conquista sobre a sua natureza inferior é algo que todo cristão deve alcançar na vida. Deve haver um omento em sua vida em que finalmente conquiste a matéria inferior e se eleve acima da escuridão do pecado e da ignorância em direção à luz da sabedoria, a uma vida
superior e mais pura. Portanto, a Páscoa não é apenas a comemoração de algo que aconteceu no passado distante; é um dia de verdadeira celebração e agradecimento pela vitória que o homem conquistou, está conquistando ou conquistará através de todas as épocas, sobre o que é inferior, o que está menos desenvolvido”.
Assim, imbuídos no propósito de atingirmos a ressurreição para a vida eterna, no Reino de Deus, reflitamos sobre nós, sobre nossa vida, nosso passado, nosso presente, e nosso futuro. Mesmo agora, nesse momento que estamos atravessando, o que tem nos guiado? Quais são os interesses que nos movem? Eles são egoístas ou altruístas? Eles nos unem ou nos separam? Deus é Amor. Cristo é Amor. E o que é o Amor? Se não aquela força que une? Aquela força que transforma dois em um? Que nos conduz do pecado original da dualidade, à salvação na unidade, que é o próprio Deus? No evangelho segundo São João, no capítulo 15 a partir do versículo 9 até o 13, Jesus nos diz que:
“Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho uardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor. Tenho-vos dito isto, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo. O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos”.
A Páscoa é a mais alta celebração da tradição cristã, é a comemoração do mistério realizado, é a vitória da vida sobre a morte, é o testemunho da plena realização espiritual. Que esta celebração possa nos lembrar do verdadeiro motivo pelo qual comemoramos sua ressureição: seu Amor incondicional por toda a humanidade. Mesmo que estejamos aparentemente separados, sintamos a força do amor que nos une e nos torna um só em Cristo.
Que a Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja sempre convosco, E que seu Amor nos mantenha sempre unidos.
Fraternalmente em Cristo
Páscoa do ano de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2020
Reverendíssimo Monsenhor Marcelo Rezende
Arcebispo da Província Eclesiástica do Brasil