Por mais estranho que possa nos parecer esta celebração, que acontece em pleno pico de óbitos nesta pandemia, hoje celebramos a vitória da vida sobre a morte. Assim, quero refletir um pouco sobre esse aparente paradoxo, tão difícil de compreender como o que diz que: “qualquer um que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer um que, por amor de mim, perder a sua vida, a salvará (Lucas 9:24). Afinal, de que vida estamos falando? Da vida que levamos no dia a dia? Da vida daqueles que sofrem, da vida dos que adoecem, ou da vida dos que a perdem com a morte? Se assim for, realmente não temos nada a celebrar.

Nessa manhã, e sob a luz de um bom dia, celebramos a vitória da vida do Cristo sobre a morte, e não de qualquer outra vida, que possamos chamar de vida, mas sim a do Cristo. São Paulo, o Apóstolo, numa das suas epistolas aos Colossenses nos indica:

Afeiçoai-vos às coisas que são de cima e não às coisas que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, aparecer, então, também vós aparecereis com ele em glória. (Colossenses 3:2-4)

A vida do Cristo é a luz redentora capaz de nos salvar da morte, a morte que já vivemos hoje e que confundimos com o que chamamos de vida, a morte que nos conduz à dor, ao sofrimento das intempéries do dia a dia, e que acabamos chamando de vida. Embora achemos que o maior mistério da vida é a morte, na realidade o maior mistério da vida é a verdadeira vida, não qualquer vida, mas a vida eterna em Cristo. Em outra epistola, também aos Colossenses, São Paulo nos fala desse mistério:

O mistério que esteve oculto desde todos os séculos e gerações, mas agora, é manifesto aos seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da glória; (Colossenses 1:26-27)

É essa a esperança da verdadeira vida, a vida na glória do Cristo em nós, que nos ressuscitará da morte, que nos dará a vida eterna. São João, o Apóstolo, em seu evangelho nos diz que Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (João 8:12)

Queridos Irmãos, assim como a luz dessa manhã nos toca, nos ilumina e nos aquece, oremos em comunhão para que mais do que nunca a luz de Cristo ilumine a nossa vida, e da mesma forma, que acreditamos num bom dia, celebremos nesse dia àquele que se fez morto para nos ensinar sobre a verdadeira vida, o cordeiro imolado capaz de nos afastar do anjo da morte (Êxodo 13:21-23), nosso Senhor e Mestre.

A celebração da Semana Santa que se encerra hoje, com a Páscoa, além de nos falar de morte e ressurreição, também nos fala de sacrifício. O sacrifício é a chave da salvação, é o mais sagrado dos trabalhos a ser feito, é a maior oferta que alguém pode fazer à Deus, e o maior dos sacrifícios é o de si mesmo em detrimento do outro, de outros ou de toda a coletividade. Mesmo que ainda não consigamos nos sacrificar da mesma forma que fez nosso Senhor, o quanto temos conseguido abrir mão de nossos interesses pessoais em detrimento dos membros da nossa família, ou em prol da nossa comunidade? Como tem sido nossas atitudes nessa Pandemia? Como tem sido nosso cuidado com o próximo? O quanto podemos ser chamados de Cristãos?

São nas pequenas coisas do dia a dia, na empatia pelo próximo, no respeito por todos os seres que nos cercam, que podemos exercitar o nosso sacrifício, na esperança da gloria de Cristo em nós.

Então verdadeiramente poderemos dizer bom dia, para que esse dia seja verdadeiramente bom, não só para nós, mas sim para todos, e assim, todos juntos, em comunhão com Nosso Senhor Jesus Cristo, e na unidade do Espírito Santo, possamos verdadeiramente desejar uma Feliz Páscoa.

Que a Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja sempre convosco,
E que seu Amor nos mantenha sempre unidos.

Fraternalmente em Cristo

Páscoa do ano de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2021