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NATAL

2011

 
 
Queridos Irmãos e Irmãs em Cristo:

O espírito natalino não é uma utopia, é uma realidade espiritual que ano após ano se derrama sobre o mundo

Contribuamos com nossas idéias de fraternidade e reconhecimento da vida por todos os lugares e com todas as pessoas que nos envolvamos.

Que o Espírito de Cristo esteja presente em nós, que esta experiência nos faça amadurecer a um mundo mais justo e fraterno, onde este espírito sem nenhuma barreira esteja presente.

Natal é o símbolo da Paz e de Fraternidade por excelência, porém sem que nada fique excluído. Perguntamo-nos hoje mais do que nunca, neste lado do mundo, que é a América do Sul, qual é a prioridade de cuidar da vida. Devemos deixar de lado nossos ensinamentos, tão profundos, tão abrangente, tão esclarecedores do mistério da vida, o significado profundo e real dos sacramentos, etc. ?

Viver em concordância com os ideais é levá-los a profunda realidade diária da vida.

O que é ser solidário com a vida que nos rodeia? O que é esta vida?

Solidariedade é cuidar do necessitado e deste ponto de vista, é muito difícil, fixar as prioridades de qual é a mais profunda e real necessidade.

Creio que nós, católicos liberais, temos um grande desafio para o futuro, devemos realizar essa solidariedade de real necessidade imediata a todos que necessitem, porém sem deixar de lado nossos profundos ideais de respeito pela vida e todas suas manifestações.

Diz, esse importantíssimo pequeno grande livro espiritual, que é:

“Aos pés do Mestre, de Krishnamurti, em uma parte:

“Aprende a distinguir a Deus que está em todos e em tudo, por pior que seja a sua aparência exterior. Podes ajudar teu irmão pelo que tens de comum com ele – a Vida Divina.

Seja qual for nossa opinião ou crença a respeito do Natal, quer comemoremos historicamente o nascimento de Jesus, ou que o façamos vendo um simbolismo sagrado associado à sacralidade do Natal, quer seja recordando uma das Festividades Religiosas mais importantes da Cristandade, o Natal excede, contêm e vai mais além de todos estes aspectos. Porém há um que é de vital importância para nós, por sua natureza prática e profunda. COMO NOS RELACIONARMOS COM O MEIO AMBIENTE.

A relação profunda com a Vida que nos rodeia, traz implícita em si mesmo como um aspecto profundo de religiosidade, esse verdadeiro espírito natalino que nunca deveria deixar de existir na celebração de uma festividade profundamente religiosa e que não deve deixar de ser comemorado desta forma.

A verdadeira religiosidade não passa apenas pela pratica habitual e externa de uma religião, há aspectos nela de verdades profundas que têm a ver com a relação profunda do homem com seu meio ambiente.

Desta relação intensa, amorosa, compassiva e terna, nasce essa união necessária a toda a verdadeira religiosidade, a União Intensa com a Vida.

Podemos sentir-nos profundamente ligados à Vida que nos rodeia, sem compaixão? Compaixão não é sentir pena de alguém ou algo, é ser essa mesma porção separada da Existência e sentir como ela sente toda a dimensão dos aspectos mais transcendentes ao mais simples da vida.

A própria Terra que nos ampara como Mãe, é amplamente agredida por seus filhos de uma forma ou de outra, o quão importante seria o sentido real do Natal, fazer uma séria mudança de atitude em relação à Terra!

A Senhora Radha Burnier, presidente Mundial da sociedade Teosófica, escreveu a esse respeito num artigo intitulado:

A MÃE TERRA

“... É possível destruir a compaixão divina?

A compaixão não é um atributo. É a Lei das leis – a harmonia eterna, é o Eu de Alaya; a essência universal sem fronteiras, a luz dos direitos eternos e a medida de todas as coisas, a lei do amor eterno (v.300) ...”

Isto sugere que a compaixão é parte da estrutura e da substancia do universo. É a natureza da Mente Divina e o poder que move todas as coisas. É onipresente, inspira e guia a cada ser vivente ao bem supremo. É o Amor Oculto que abarca tudo na unidade.

No mundo oriental a compaixão é identificada com a Energia que permite que o universo se manifeste, Shakti, a consorte da Consciência Suprema. É a Shakti, concebida ou personificada de várias formas, a quem se dirige o povo para a liberação das limitações e do sofrimento do mundo manifestado, somente por ela, a mãe de tudo, pode-se desenvolver seus filhos em completa segurança.

O Budista erudito, John Blofeid, em seu livro Compassion Yoga (A Yoga da Compaixão) afirma que antes do século XII não havia a personificação feminina da compaixão, como Kwan Yin, que mais tarde, na Ásia Oriental, tornou-se reverenciada quase universalmente. Ele disse: “Existem fortes fundamentos psicológicos que concebem a compaixão na forma feminina.” Kwan Yin é o reflexo feminino do Boddhisattva Avalokita.

A mãe universal, compaixão cósmica ou amor, é também conhecida pelos hindus, egípcios e outros povos sob diferentes nomes. Ninguém pode ignorar a existência de Shakti, porque ela é a fonte de toda a manifestação. Os céticos podem perguntar-se de que modo se infunde compaixão no mundo, quando existe tanta dor e sofrimento em todas as partes. A tradição diz que Shakti é Maya: a mesma energia divina que faz com que todas as coisas manifestadas lancem um véu de ilusão sobre o mundo de modo que os processos de mudança e evolução, de limitação e liberação, pareçam estar constituídos de sofrimento. Porem de um ponto de vista mais elevado considera-se que o próprio sofrimento é compaixão em ação, o qual conduz as formas de vida a uma grande bondade, e compara-se com o bisturi do cirurgião, que rasga a carne porem cura o corpo.

Naturalmente, quando as pessoas personificam, lhe dão formas, funções e atributos, a compaixão divina que tudo impregna, distorce a verdade. Entretanto, as distorções não podem alterar ou suprimir a verdade. “Pode-se destruir a compaixão divina?” O Mestre diz que é a luz que perdura para sempre, que é a essência universal sem fronteiras, a lei do eterno amor. Porque a compaixão se manifesta na mente das pessoas de diferentes culturas como uma energia feminina? Talvez seja a própria natureza das coisas; seja o aspecto da polarização primária que é a criadora dos universos e que é também a protetora de cada criatura nesses universos...

Creio que neste artigo, ainda hoje, apesar de transcorrido alguns anos, sua autora, a Senhora Burnier, destaca de forma clara e contundente, o que estamos fazendo com nossa relação diária com a Vida, a Terra e tudo o que nela se move.

UM SÍMBOLO SAGRADO

Quando meditamos no simbolismo do Presépio Sagrado, é tão belo seu simbolismo e tão transcendente ao mesmo tempo. O Presépio de Natal não é um enfeite em nossas casas neste magnífico dia de Natal, que segundo a tradição sempre montamos próximo do Natal. Porém em realidade o que é o Presépio de Natal? É uma profunda mensagem de Paz, de harmonia transcendente e de Unidade maravilhosa, o menino e todo o ambiente que o rodeia é um exemplo claro desta Unidade. Entender este simbolismo em sua magnitude trará a nossas mentes um novo espírito natalino, O DA UNIDADE PROFUNDA COM TODA A VIDA.

QUE CRISTO REINE EM NOSSOS CORAÇÕES

Se tem dito em muitas oportunidades, em diferentes círculos místicos e religiosos, que Cristo deve nascer em nossos corações, para que nasça mil vezes mais em Belém.

O que significa o Senhor morar no mais profundo do nosso coração? Em que profundidade do nosso Ser Ele pode ser encontrado? 

O nascimento do espírito crístico em nós, hoje um tema banal e mal compreendido, é ter uma profunda sensação de plenitude de Vida, sentir a Vida como uma enorme onda de Existência, na qual nos somos somente uma gota neste imenso oceano, porém ao mesmo tempo o próprio oceano. NATAL É ESSE OCEANO DE VIDA. Esse oceano de Vida é a própria Natureza e então poderíamos nos questionar: como me relaciono com a Natureza?

Poderíamos , talvez, partilhar a idéia de que Cristo é a Vida em nós e em tudo. Se Cristo vive em tudo e em nós, nada nem ninguém pode ser excluído desta magnificência de ver o Senhor manifestado em tudo que existe, seja uma planta, um animal, um rústico mineral, um homem, um santo, um anjo, planeta, nosso Sistema Solar e tudo quanto nossa mente possa compreender. Que a Vida de Cristo reine em todos os lugares! Este é precisamente um dos mais incríveis aspectos profundos do Natal. A Luz que ilumina as trevas, a Luz que ilumina a cada homem que vive no mundo, a luz que sempre esteve desde o princípio e perdurará para todo sempre em si mesma. Que a iluminação profunda de nosso Ser seja ver a Cristo como a Vida por toda parte! O verdadeiro Natal Cósmico, Solar e Humano.

Recordemos que cada Grande Festividade religiosa, seja da religião que for, têm diferentes aspectos a serem considerados, o natal é uma destas grandes festividades e deve ser considerada como uma grande Festa Cósmica, Solar e Humana.

Viver a vida em profunda religiosidade com espírito natalino é penetrar no âmago de nossos corações, e ali, num momento de profundo e solitário silêncio, de verdadeira sacralidade, alcançar a paz interior que somente um coração compassivo pode alcançar, num mundo cada vez mais intensamente enlouquecido pela velocidade dos pensamentos que arrastam o ser humano a uma loucura insana de desequilíbrio emocional; assim é fundamental fazer nascer o espírito natalino de paz, harmonia e fraternidade em Todos.

Aprendamos a celebrar e reconhecer o natal a cada instante de nossa vida, não somente nesta data do calendário, e sim o verdadeiro NATAL DA ALMA. O NASCIMENTO DE CRISTO EM NOSSO CORAÇÃO, como Luz, sabedoria e amor resplandecente.

Que o senhor abençoe a todos!

2011 do Natal do Senhor
 

XMiguel

Bispo Regionario da Argentina, e Bispo Comissário do Brasil e Uruguai

 



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